sábado, 23 de fevereiro de 2013

O Lado Bom da Vida




Filme de autoajuda

Oito indicações ao Oscar. Por quê? Temos aqui algo muito próximo de uma comédia romântica convencional, para não dizer nula. E talvez seja. A incerteza é por conta de momentos um pouco mais pesados, violência doméstica, mas nada que tire o foco do romance banal. Que se revela banal, como qualquer outro romancezinho que poderia estrear no meio do ano e ninguém daria muita bola. Tem até beijo final com câmera girando em torno do casal. Russell (Três ReisI ♥ Huckabees) entrou de vez no medíocre.

Porém, há uma tentativa de distinguir o amor: Pat e Tiffany, o casal principal  (Bradley Cooper e Jennifer Lawrence, excelentes juntos), são bipolares, emotivamente aleatórios, ambos jovens e com casamentos já destruídos. Ele, internado após episódio de agressão, precisa lidar com o fato de que sua esposa não o quer mais. Ela, depois da vida acontecer com muita dureza, resolve se entregar a um período de lascividade como válvula de escape, transando com vários e várias. Isso é contado, não mostrado, e são alguns dos melhores momentos de Lawrence.

Não vejo nada de mais em Jacki Weaver e De Niro aqui, mas Lawrence e Cooper são o acerto. Hollywood a descobriu cedo, e a mesma Hollywood o descobriu com um pouco de atraso. Bons e bonitos, e cada vez mais caros.

Aliás, me incomoda como o filme não consegue tirar muito proveito do fato de que tem mãos um dos casais mais bonitos da indústria atual. São atraentes, e, não menos importante, vendidos e fotografados desta maneira. As cenas dos ensaios de dança, por exemplo, valorizam o corpo de Lawrence, filmada com sensualidade. Os dois personagens, na sensibilidade de suas emoções, tem de lidar com famílias, amigos e situações delicadas, mas nenhuma outra pessoa surge seduzida pela beleza de algum deles, o que me pareceria interessante, pela forma como são construídos na tela: belos e socialmente desastrosos. Os homens que procuram Tiffany não a procuram porque ela é linda, e sim porque ela era "fácil".

A tarefa dos dois é driblar o passado. Até aí, ok. Mas O Lado Bom da Vida, tão interessante a princípio, ruma para lugares comuns e parece se resumir a algumas lições de autoajuda. Essas mensagens de superação ganham a embalagem da cultura norte-americana das apostas (concentrada em jogos de Futebol Americano, um pano de fundo que Robert De Niro se esforça para não deixar cair) e a de uma competição de dança, elemento inusitado do roteiro.

Talvez o segredo seja assistir sem expectativas. Mas com oito indicações ao Oscar e um diretor até então minimamente interessante, como evitar?

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