sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Um Conto Chinês






Um Conto Chinês (2011), de Sebastián Borensztein

Como esperado, Um Conto Chinês vem fazendo grande público na sua trajetória na Mostra, que só agora chegou na metade. Já há alguns anos, Ricardo Darín é o grande ator do cinema argentino e os espectadores brasileiros realmente gostam dele, com justiça, pois o homem é mesmo muito bom. O filme ganha três sessões extras amanhã, 04/02, no lugar do previamente programado Histórias Cruzadas, tomando horários de uma produção indicada a vários Oscar.

Fica até fácil entender essa recepção. Um Conto Chinês se joga fácil, seu melodrama certamente mais sóbrio que o de O Último Dançarino de Mao. Tem em Darín não apenas grande ator, mas alguém que já tem boa passagem pelo Brasil via cinema argentino da melhor safra, sua parceria com Juan José Campanella (O Filho da NoivaO Segredo de Seus Olhos) sendo o maior destaque. De alguma forma, Darín parece ser uma espécie de selo de qualidade.

Aqui ele interpreta Roberto, dono de lojas de ferramentas e colecionador de absurdos. É um anti-social que, por obra de acaso ou destino, conhece um chinês que literalmente cai na sua frente, nas ruas de Buenos Aires, sem saber uma palavra de espanhol. A contragosto, terá de abrigar o oriental até encontrar alguma solução, período que lhe renderá um bom número de palavrões, todos expressados com algum prazer escondido no rosto de Darín.

É um filme, enfim, engraçado, e tanto palavreado chulo dito em espanhol parece chamar a atenção dos ouvidos do público brasileiro, treinado a escutar e falar coisas que soam bem próximas. A senhora falante sentada ao meu lado parece ter se deliciado com os "carajos", "hijos de la puta" e "puta que te parió", ela mesma soltando, muito brasileiramente, seus "caralho" e "que bosta" aqui e ali.

É um outro título da Mostra que leva um chinês a América, aqui, no caso, a do Sul. "Simpático" talvez defina bem Um Conto Chinês, mesmo que eu não tenha gostado de fato, me sentindo meio neutro, como se Darín fosse a melhor coisa daqui (e é) e o restante não importasse (e deveria). Tem, por exemplo, uma grande mensagem de "sentido da vida" que me pareceu bem ruim, pesando uma ou duas vacas.

p.s.: nossa, como o cartaz do filme é feio.


Visto na 5ª Mostra O Amor, a Morte e as Paixões

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