"Não me aprisione em caralhinhos voadores!"
O amigo André de Leones foi fisgado por O Homem de Aço de outra maneira, orientado por outra bússola. Menos alien, menos Cristo, menos paternalices, mais A República de Platão. É verdade, e Snyder nem esconde: tá lá o menino Clark com Platão na mão, apanhando. Garoto inteligente, precoce, "alien" em outros sentidos, por que não?
Daí logo me pergunto: por que essa referência, tão nítida quanto o momento na capela, e talvez a mais interessante de todas, inclusive em sua pretensão, não capturou meu interesse a ponto de pensar melhor a respeito? Porque a leitura de um filme é, em boa parte, culpa nossa: somos nutridos por aquilo que nos é permitido ver, tanto no denotativo quanto no conotativo, e elaboramos algo a partir disso.
A bem da verdade, é tudo muito interessante, em princípio; ou, melhor dizendo, em termos de história. Uma maior compreensão do fracasso de Krypton e, consequentemente, da origem desse super-homem; uma pincelada política mais acentuada, que em nada deve a exemplares de nossas vidas; o contexto alienígena, que, cinematograficamente, na premissa deste filme, era o que mais me chamava atenção; enfim, uma série de questões curiosas e promissoras, suficientes para distinguir este Superman dos demais.
Parece haver muita ambição ali, não só no sentido de produção multimilionária, mas no que diz respeito a causar tensões em relação ao que se espera de um filme do Superman. A premissa dedicada aos aspectos alienígenas, por vezes beirando um filme de gênero (a cena do apagão é muito boa, a melhor), me parece a mais forte delas, mas não a única, certamente.
Temos aqui um Superman desafiado a matar, momento meio curto-circuito para um público habituado ao histórico de um super-herói que prima por ser correto, representante "do bem", e não vejo como isso não ser produtivo.
Por fim, a esperança de que a civilização terráquea não se deixe implodir como Krypton, a começar por suas posturas políticas, muito embora Washington e a política local sejam colocadas a distância, como que poupadas. No cenário terrestre, a "presença" do Governo não cruza a linha da representação militar. Não é pouco? Lembro, por sinal, de como, em uma linha de diálogo, Superman Returns expunha os efeitos que o retorno daquele deus poderia causar na bolsa de valores, um tipo de preocupação muito breve, mas que ajudava a pulsar o universo do filme.
Temos aqui um Superman desafiado a matar, momento meio curto-circuito para um público habituado ao histórico de um super-herói que prima por ser correto, representante "do bem", e não vejo como isso não ser produtivo.
Por fim, a esperança de que a civilização terráquea não se deixe implodir como Krypton, a começar por suas posturas políticas, muito embora Washington e a política local sejam colocadas a distância, como que poupadas. No cenário terrestre, a "presença" do Governo não cruza a linha da representação militar. Não é pouco? Lembro, por sinal, de como, em uma linha de diálogo, Superman Returns expunha os efeitos que o retorno daquele deus poderia causar na bolsa de valores, um tipo de preocupação muito breve, mas que ajudava a pulsar o universo do filme.
Meu maior problema, no entanto, é com o quilate insosso das imagens que dão corpo a tudo isso, pontos de partida distintos cedendo lugar a protocolos de um blockbuster qualquer, sequência por sequência: um procedimento padrão de velocidade, quebradeira e barulho. Quando exibido em TV, o espectador que pegar em torno dos 40 minutos finais pode levar algum tempo para perceber que não é G.I. Joe (2009).
Clark lê Platão, e meu amigo André está certo em observar que A República tá lá, bem presente, mas ao mesmo tempo a direção de Snyder me lembra o bully, um entre tantos outros socadores de fuças. Repassando o longa na minha cabeça - exercício que nunca é ruim de se fazer, pelo contrário - penso que talvez seja o caso de uma boa história mal contada. Frustrante.
Clark lê Platão, e meu amigo André está certo em observar que A República tá lá, bem presente, mas ao mesmo tempo a direção de Snyder me lembra o bully, um entre tantos outros socadores de fuças. Repassando o longa na minha cabeça - exercício que nunca é ruim de se fazer, pelo contrário - penso que talvez seja o caso de uma boa história mal contada. Frustrante.
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