terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Vingador do Futuro (2012)




Este novo O Vingador do Futuro me parece muito mais uma nova adaptação do conto de Philip K. Dick do que um remake. Na balança dos dois, este aqui é bem menos divertido e impactante, se encolhendo num visual já muito explorado pelo cinema de ficção científica, tendo em Blade Runner, também de uma história de Philip K. Dick, talvez a grande referência de um futuro sujo.

Pesa bastante o fato de, agora em 2012, um diretor como Len Wiseman (dos dois primeiros Anjos da Noite, série de filmes protagonizada por sua mulher, Kate Beckinsale, aqui em outro papel fico-linda-nervosa) comandar esse tipo de coisa. A cada cena de ação, fica evidente um diretor influenciado por videogame, o que, a priori, não seria um problema, mas, assim como games ruins (e filmes ruins), seu objetivo único parece ser chegar a estas cenas. O primeiro confronto entre Colin Farrell e um grupo de guardas que o cerca deve ter dado um mínimo de trabalho tecnológico, num tipo de cena que parece apitar “Aqui vocês devem curtir!”. Pouco depois, uma cena de perseguição a pé lembra um joguinho de plataforma.

A história é a mesma, exceto que agora não se passa em Marte, mas na Terra. No ano de 2000-e-lá-vai-castanha, o planeta está dividido em duas habitações: uma Europa colonizadora e uma Oceania colonizada. Os dois polos são conectados por um corredor chamado A Queda, responsável por transportar a classe trabalhadora residente na Oceania até as terras europeias em seu crescimento ditatorial. O operário Quaid (Farrell) pode ou não ser um agente secreto a serviço dos rebeldes, e suas ações durante o filme podem ou não ser fruto do implante de memória Rekall que, enfim, move a trama.

O princípio da dúvida acaba diluído pela fácil percepção de estarmos diante de um produto de ação comum. Mais de 20 anos de padronizações diversas faz com que uma mulher de três peitos seja, antes de uma surpresa (ou susto) sexual, uma gostosa qualquer. Não é divertido, é só um peito a mais num futuro que escuta dubstep nas ruas e tatua néon. Há luzes por toda parte nesse futuro e Wiseman acha legal usar flares em quase toda cena, como se tivesse filmado com uma lanterninha ao lado da câmera, mais que em todos os filmes de J.J. Abrams juntos. Ficção científica da luzinha na cara, sci-fi vagalume. Irritante.

Em 1990, Paul Verhoeven, cineasta interessantíssimo, teve no contexto das memórias marcianas um campo perfeito para, com seu olho muito particular para imagens enamoradas de nervosismo e estranheza, criar cenas que seriam capazes de permanecer na memória (os olhos esbugalhados, a máscara digital se partindo...). 22 anos depois, é tudo muito sério demais e, pior, com as banalidades hollywoodianas levadas a sério demais (enquanto Verhoeven, lembremos, as satirizava), como o final obsoleto, agarrado à mocinha e ao pôr do sol.

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