sábado, 28 de janeiro de 2012

"O Vendedor", "Adeus, Primeiro Amor" e "3"



5ª Mostra O Amor, a Morte e as Paixões - DIA 1


O Vendedor (2011)

Eu tenho as manhas de escolher títulos mornos pra começar uma mostra. No caso, a estreia de um jovem diretor canadense, Sébastien Pilote, que parece ter na atuação de Gilbert Sicotte o seu principal pilar.

Pra vocês verem como são as coisas: estava aqui tentando escrever sobre este O Vendedor e só conseguia pensar no que escrever sobre os outros dois que vi em seguida. É uma dessas situações em que um filme te diz muito pouco e não consegue receber muito em troca. Sempre me faz pensar em como ver filmes está mais para diálogo do que monólogo.

O foco é a classe trabalhadora de Québec, mais especificamente em vendedores de carros, esse ser quase mítico da cultura vizinha dos americanos, muitas vezes dourado pelo cinema com gente figura e sorridente (Bill Paxton em True Lies, do canadense James Cameron, me vem à mente no momento). O que Pilote parece tentar aqui é uma espécie de painel do Canadá ameaçado pelo desemprego, pontuando a história com elementos culturais do país, alguns mais leves (a neve que castiga os carros, o hockey), outros nem tanto (um alce).

Curiosamente, saí da sessão tendo uma visão de algo até sólido na cabeça, mas derretido cerca de duas horas depois. É um filme triste e tem seu ritmo literalmente contado nos dias, de passo duro, tudo muito tratado dentro de uma sensação de cotidiano, exigindo por demais um interesse por pequenas coisas que desta vez eu não consegui desenvolver.



Adeus, Primeiro Amor (2011)

Adeus, Primeiro Amor fluiu bem comigo. Filme é bonitinho nas suas meninices adultas, com um amadurecimento feminino dos mais interessantes.

Esse amadurecer é muito bem concentrado na garota Camille, menina entregue de corpo e coração a um primeiro amor de juventude, esse momento da vida que costuma vir acompanhado de surpresa, dúvida e alguma dor. Em dado momento, ele, menino que se dedica a outras vontades, se torna não muito mais que marcadores coloridos afundados no mapa da América do Sul. Ela fica, numa França ensolarada, numa Paris curiosamente descrita como "deprimente" por alguém que não consegue enxergar o mesmo filme que ela (era Godard, aposto).

Tudo corre muito naturalmente, da nudez-sexual-de-15-anos (embora a atriz, Lola Créton, tem 19 e é um pequeno achado ao transitar entre as idades do papel) à inclusão de um personagem arquiteto, daquele jeito que às vezes só o cinema francês parece fazer.

O que me chama mais atenção, porém, é a falta do romance dar lugar à evolução de Camille em menina/garota/mulher que descobre as suas outras vontades e redescobre algumas mais, todas envoltas de uma interessante agonia adolescente. Mia Hansen-Løve  fez algo bem leve e sério aqui. Deve agradar muita gente na Mostra.


Triângulo Amoroso (2010)

Minha primeira decepção da Mostra. Filme é bem resolvido sexualmente, talvez seu único ponto realmente forte, mas a sensação final é de que Tykwer fez só uma brincadeira.


Mais sobre o filme depois.

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