segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

"Luzes na Escuridão", "Cartas do Kuluene", "L'Apollonide" e "Poesia"



5ª Mostra O Amor, a Morte e as Paixões - DIA 3


Hoje é rápido. Pílulas sobre os filmes, todos bons de serem vistos. Há textos maiores sobre eles, mas entram aqui só depois.


L´Apollonide - Os Amores da Casa de Tolerância (2011), de Bertrand Bonello


Certamente um salto em relação aos trabalhos anteriores de Bonello, que não é cineasta dos mais palatáveis. Na sessão em que vi O Pornógrafo, por exemplo, anos atrás, lembro exatamente de pessoas desistindo do filme após uma cena... pornográfica.

É um cineasta interessado em sexo e corpos como ferramenta de trabalho, com muita nudez vinda no pacote. Tem altas mulheres peladas em L'Apollonide, filme que acompanha uma casa de prostituição na virada do século 19 para o século 20 e enquadra suas moças numa bonita noção de fraternidade. É um coletivo muito querido, mas com dedicação especial a uma delas, A Mulher que Ri, personagem fascinante e muito forte, inclusive visualmente.

Meretrizes, prostitutas, garotas de programa, putas, vadias, piranhas, vagabundas, mulheres da vida.... Bonello parece pouco se importar com os vários nomes arremessados a elas durante os anos, tendo feito aqui uma das mais belas dedicatórias que a profissão mais antiga do mundo poderia ter.


Luzes na Escuridão (2006), de Aki Kaurismäki

Passou ontem essa coisa curta e bonita do Kaurismäki, cineasta finlandês interessantíssimo cujo nome ganhou um pouco mais de mundo depois que seu O Homem sem Passado foi indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro em 2003. Fez aqui um filme triste e encantador, de climão vazio quase alienígena. Tem uma das cenas mais bonitas passadas dentro de uma sala de cinema.

Mais sobre ele em breve.



Cartas do Kuluene (2011), de Pedro Novaes

Esse é cinema daqui, "feito em Goiás, nas condições de produção de Goiás", como disse o próprio diretor, Pedro Novaes, ao modestamente apresentar a primeira sessão de seu documentário ("que também brinca com ficção") na Mostra. Goiás é estado de produção cinematográfica ainda pouco expressiva, e ver um bom longa saindo daqui é algo a ser notado. Há algum incômodo aqui e ali, mas, nos seus melhores momentos, me lembrou Herzog, o que é sempre bom.


Cartas do Kuluene, que esteve na última Mostra de São Paulo, terá mais duas (ou três?) sessões, incluindo hoje, às 17h.

Outro pra depois falar mais.


Poesia (2010), de Lee Chang-dong

Cinema coreano é uma coisinha inesperada, e talvez este seja o mais previsível que já vi. Curiosamente, é um filme muito capaz de manter o interesse mesmo depois de um dia exaustivo e tendo 140 minutos de duração. Um tanto arrastado, mas pode simplesmente ser que eu tenha me arrastado nele numa sessão iniciada às 22h30.

É a história de uma senhora que entra em um curso de poesia e, com todas as suas dificuldades, tem de compôr um poema até o fim das aulas. Segue as dicas do professor e tenta enxergar poesia no mundo, na natureza, mas encontra mesmo é em aspectos mais duros e pesados. Poesia tem um final esperado e bonito, feito como que para limpar um certo tipo de dor, algo que os orientais parecem muito mais capazes de fazer do que nós.

Há um curioso momento Eduardo Coutinho que me agrada bastante, gente sentada contando interessantes histórias pessoais diante da câmera. A atriz principal é incrível.

O filme tem também um dos meninos mais escrotos que já vi. Escroto e muito real.

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