domingo, 6 de junho de 2010

Do começo ao fim




Troca de twitts com o @chicofireman (blog: http://www.interney.net/blogs/filmesdochico/) me fez lembrar dessa joçona aqui.

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Aluizio Abranches, aonde é que você vai com esse comercial de margarina baseado em homossexualidade incestuosa?

Até o momento, Abranches não fez nada de muito expressivo. Seus Um Copo de Cólera e As Três Marias não chegam a ser exatamente ruins, são pelo menos filmes, ainda que perfeitamente nulos em si mesmos. Papel de Abranches no Cinema (brasileiro e geral) era indiferente, situação que parecia ser até vantajosa depois de ver Do Começo ao Fim, negação de cinema em todos os aspectos.

Com a exceção dos tradicionais filmes da Xuxa, Abranches conseguiu aqui o que pode ser a maior catástrofe do Cinema brasileiro desde A Cartomante (2004), de Wagner de Assis e Pablo Uranga. Sensação de vergonha alheia é constante, resultado de um todo imensamente ridículo capaz de fazer o filme dar cambalhota e se tornar algo morbidamente divertido. Um feito.

Do Começo ao Fim acompanha relação homossexual entre dois irmãos por parte de mãe. Reciprocidade do interesse sexual é notada desde a infância dos garotos, Abranches esfregando pistas nas nossas caras, com direito a piada de “um pintinho e um pintão”. Esses meninos são inacreditavelmente irritantes e atuam como se lhes tomassem tabuada, uma canastrice monstro devidamente respeitada em suas versões adultas, onde até “saudade” vira palavra engraçada de se ouvir. Um casting muito único em sua lambança.

Intenções de Abranches parecem ser as melhores possíveis. No seu mundinho muito particular, defende vida normal, feliz e ideal para homossexuais, sejam eles irmãos ou não. Dedica o filme aos pais, dando a essa joça uma cara de “pais do mundo, sejam assim que tudo vai dar certo, ok?”

No filme, os pais são Júlia Lemmertz e Fábio Assunção, cada um tentando esconder a vergonha como pode, ele com menos sucesso, já que possui mais tempo de cena. Já Lemmertz, além de vergonhoso Pergunta-Resposta num sofá, tem uma primeira cena engraçadíssima, com a atriz chegando de branco em câmera lenta branca na casa imaculadamente branca, abrindo os braços brancos para receber os filhos. É um filme branco em toda sua brancura, como se fosse cenário para a Monange.

Pais compreensivos; família em que é simplesmente OK uma criancinha falar de sexo na mesa do almoço; pai conselheiro sobre a relação homossexual-incestuosa entre seus filhos (pessoalmente e via Skype); a mãe ainda com ótimas relações com o ex-marido argentino rico; e todos eles jantam juntos; são bonitos, atléticos, ricos, um é médico, são cultos que lêem Hilda Hilst um para o outro... Até o piano da trilha sonora retardada é compreensivo. Oi?

É uma visão tão ideal que chega a ser bizarra. Não porque seja inaceitável ou impossível (embora improvável), mas porque é passada como o sonho amador de um diretor ruim que nem se dá ao trabalho de conseguir um montador que conheça outra opção além do fade. Forte impressão de que até um períneo – aquela área bem próxima a certos começos e certos fins – teria feito coisa melhor.

@fabridoss

Filme visto nos Cinemas Lumière
Shopping Bougainville, Janeiro/2010 - Goiânia, GO

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