terça-feira, 18 de maio de 2010

Homem de Ferro 2




Robot rocks.

Diversão é a meta atingida pelos dois Homem de Ferro dirigidos por Jon Favreau, mas que não se preocupa muito em ir além disso. Na ação, Favreau se limita ao satisfatório, sem conceber nenhuma grande cena digna de lembrança para um personagem de quadrinhos que tampouco enfrenta algum inimigo interessante. Homem de Ferro 1 e 2 são filmes de ação perto da linha mínima de exigência de produções de grandes estúdios.

No segundo filme, outro engenheiro militar pretende produzir seu próprio exército de ferro, a ser vendido para as Forças Norte-Americanas. É interpretado por Sam Rockwell, a melhor adição de um casting que mais se gabou de ter Mickey Rourke, Samuel L. Jackson e Scarlett Johansson no elenco, sendo estes dois últimos um exemplo de desperdício (Johansson gerou miniatura 1:6, com decote). Rourke, vilão físico da vez, parece interpretar outro lutador de Telecatch e continua chamando atenção como figura excêntrica – de todo modo, tem sido simplesmente bom pra porra vê-lo na tela.

Cena de introdução de Rockwell serve para complementar o showman (oni)presente em Stark, mas também para reforçar a idéia de produto em relação ao exoesqueleto. Ainda que de maneira simples, o longa volta a investir no conceito armamentista no qual Homem de Ferro se insere bem, considerando as implicações de uma criação dessas. Nesse sentido, fica atrás do primeiro, em que bons 40 minutos são usados com Robert Downey Jr. em meio a ferro, soldagem, terroristas do oriente médio... pacote completo.

Robert Downey Jr é, por sinal, uma vantagem muito importante, da qual, sejamos justos, Favreau constrói certa leveza que resulta no que há de melhor em seu(s) filme(s). Homem de Ferro pode se aproximar de Robocop em alguns conceitos, mas aqui, numa cena de briga robótica que Favreau leva longe o bastante sem tocar no ridículo, temos evidência de que está mais para Daft Punk. Yeah, robots rock.

Um dos produtos Marvel de maior rendimento na bilheteria, Homem de Ferro sem armadura parece ser próximo de Batman, o mais lucrativo da rival DC. Bruce Wayne e Tony Stark são órfãos herdeiros de herança paterna, donos de empresa multimilionária, ricões egocêntricos e narcisistas que acabam virando (super-)heróis não exatamente por poderes, mas porque tem dinheiro pra bancar título e parafernálias. Diferem, porém, no sentido de que a faceta mais escrota de Wayne é disfarce, e a de Stark, assumidamente genuína. E Downey Jr. se esbalda.

Com algum eco de Johnny Depp e seus Piratas do Caribe, temos aqui ator dos mais inesperados para representar um herói de quadrinhos e liderar uma franquia blockbuster. O sucesso desse imprevisto tão inspirado parece agravar ainda mais a ausência de vilões menos comuns. Ironicamente, o personagem narcisista tem o filme só para si, fácil.

Desde quando fez clipe para Elton John, Downey Jr. nunca esteve tão associado ao cool. O homem anda top, de uma matraquice segura e empolgante, atuação prazerosa a ponto de ser melhor que os dois filmes juntos. Talvez seja a primeira adaptação de HQ em que há mais interesse em ver o herói sem armadura.

Filme visto em Maio/2010

*post escrito ao som de Daft Punk - "Robot Rock".

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