domingo, 25 de dezembro de 2011

Na Natureza Selvagem



O garoto civilizado

Vi Na Natureza Selvagem com cinco anos de atraso, mesmo com muitos amigos insistindo que o visse o quanto antes. Talvez essa urgência encontre lugar no aspecto lição de vida que o filme parece arremessar com diversos pesos.

De alguma forma, vejo Na Natureza Selvagem situado no outro lado da calçada de O Garoto Selvagem, em que Truffaut se responsabilizava por cuidar e, principalmente, educar um menino criado no mato, sem contato com a civilização até então. O Chris/Alexander do filme de Sean Penn é o garoto civilizado, rapaz que abandona essa raiz para viver pelo acaso de rios, morros, terras, animais e até pessoas.

A impressão é de que há todo um discurso contra a sociedade e talvez até mesmo a civilização. “Sociedade é má/equivocada” versus “natureza é boa” acaba por formar um beco dos mais bobos para esse filme que coloca seu personagem “marginal” para aprender e ensinar no seu caminho rumo ao Alaska e ao que ele acredita ser liberdade. Emile Hirsch e seu personagem me irritam na medida em que esse punho em riste (contra posses, coisas, o urbano) me soa juvenil e acompanhado de uma estranha arrogância, muito embora eu desconfie que direção de Sean Penn estivesse mais interessada na história de um cara e tirar daí um filme do bem, inocentemente preocupado com prazeres desprezados. Hirsch toma banho natural em câmera lenta, come a maçã mais natural de todos os tempos (“melhor que qualquer outra maçã”)... toda uma lista de valores num filme de muita bandeira e pouco vento.

* postado ao som de "Jeremy" - Pearl Jam

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